“Há cerca de dois anos um exame positivo confirmava o sonho: um filho a caminho. No inicio do ano, nosso filho, aos 04 meses, estava indo para seu primeiro Berçário e hoje, acabamos de sair da reunião final: ano que vem ele deixará o Berçário para uma nova etapa... e agora? Temos medo”.
Só para relembrar: quais foram os pontos fortes que levaram vocês à escolha do Berçário? Acredito que itens como: higiene, espaço, cuidados, segurança, nome, indicações, carinho, confiança, simpatia de todos os profissionais e, é claro, dinheiro, endossaram esta lista. Então, a Escola não mudou, portanto todos os itens acima continuam assegurados, por isso, o que temer no próximo ano?
A partir do próximo ano seu filho (e vocês também) entra em mais um período de adaptação, mas com uma grande vantagem – em um espaço familiar, seguro e conhecido, tanto por vocês, como pela própria criança – ou vocês esqueceram que a chegada à Escola, portão, aos braços das tias... já traz ao seu filho, a segurança de que está entrando em um ambiente familiar?
“Mas será que ele vai se acostumar com as tias e com a nova rotina?” E minha resposta à esta pergunta, está em outra questão: “Será que vocês não estão com medo de não simpatizarem-se com as novas tias, nova rotina, acharem que não poderão ligar mais cinco vezes durante o dia para saber da papinha, cocô, febre...? Será que a ansiedade pela nova rotina, não está tornando vocês temerosos e por medo de assumir, ‘jogam’ para o filho de vocês o ‘não adaptar-se’?”
Adaptar-se não está somente no fato de ter que levantar mais cedo para arrumar a malinha de seu filho e prepará-lo para deixar na Escola e à tarde mudar o trajeto do trabalho para casa. Está no interior de cada um, no aceitar que a separação já fez bem e foi necessária a todos. A criança, esta sim, sendo um bebê de quatro meses, um ano ou um aluno saindo do Jardim II, está entre pessoas e princípios essenciais ao seu desenvolvimento psíquico e emocional. As tias, outras crianças, novas atividades, o lúdico, pedagógico, banho de sol, regras, limites, respeito ao outro enquanto Ser Humano são mais do que necessários nesta primeira fase da vida, docemente denominada Infância.
Adaptar-se é nada mais do que aceitar o novo como bem-vindo e salutar. Uma família adaptada traz como conseqüência, uma “criança facilmente adaptável”, seja na Escola, seja às mudanças que a vida lhe oferecerá na fase adulta. Já uma família que cria resistências internas, como por exemplo, o lamentar semanas antes a separação, gera uma “criança insegura” desnecessariamente, neste momento, e problemática daqui pra frente, onde para ela, adaptar-se ao novo irá alimentar angústias, medos e receios, que poderão impedi-lo de um melhor aproveitamento e desempenho.
E neste momento não falo somente da vida acadêmica, hoje a mãe que se sente insegura e pouco adaptada está criando um filho que, em festas infantis, por exemplo, estará agarrado a si, sem aproveitar o que o momento e o local lhe oferecem. É hora de libertá-lo... a natureza já está se incumbindo de parte desta liberdade / independência ... ele já está dando os primeiros passos... e daqui algum tempo, outros “treinos” poderão fazer parte deste desenvolvimento: o alimentar-se, cuidar-se... e tudo isso fará parte da sua segurança para que as “tias” possam orientá-lo.
Este é o momento do Mini Maternal, que virá com mudanças como: uniformes, fotos para crachá, passeios, saída da escola sem vocês, bem como: refeitório, pátios, aulas de musica e lá na frente, desfralde (mas este é papo para outro momento). Por isso, estar no Berçário, Mini Maternal ou Jardim II, faz da criança uma vitoriosa, superando seus próprios limites, ciente e segura de que cada etapa é também uma conquista dos pais, e de que ela é capaz de ir além. Hoje o novo assusta, mas quando é consciente, trabalhado, superado e saudável, torna-se muito mais fácil, acostumar-se e viver tranqüilamente.
Valesca Souza
Psicóloga Clinica – Especialista em Neuropsicologia
e-mail: valescasouza@gmail.com
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