Olá “Blog-Amigos” este mês trago
algo que, em determinadas épocas do ano (maio a agosto mais ou menos), vira
rotina na casa de muitos de vocês. Com quedas de temperatura, a rotina é:
- “Mãe... Pai... posso dormir na sua cama?”
- “Deixo ele na minha cama, está muito frio pra ele ficar no quarto dele sozinho”
- “Não tem jeito, já tentamos, mas ele não acostuma a dormir na cama dele”
- “Desde o divórcio, trouxe meu filho para dormir comigo. Agora iniciei um relacionamento, aos finais de semana, quando meu namorado dorme em casa, ele entende e sabe que durante a semana a cama é minha e dele. Já acostumamos assim e não vejo problema nenhum...”
- “Depois da separação, pego meu filho aos finais de semana, e ele dorme comigo... Esta é a maneira que vejo para ele se sentir mais próximo a mim...”
- “Já é tradição: inverno, família reunida todos os dias, várias cobertas e aos finais de semana... guerra de travesseiros! Sempre muito bom, o ruim é voltarmos ao normal quando chega o verão”!
E parece que vejo cabeças balançarem. Não se
envergonhem, esta foi, é e será a realidade de muitas famílias, trata-se de uma
prática de cerca de 35% das crianças pelo mundo todo!
Não existam temas que se estanquem quando o
assunto é Desenvolvimento e Saúde Emocional da Primeira Infância, por isso,
falar de filhos que buscam a cama dos pais é falar também de limites, culpa,
firmeza e coerência. Realmente, o frio e o aconchego levam à este cenário. Mas
a questão é: o inverno acaba, mas carinho, maciez do colchão e cafuné dos pais,
não. A Primavera chega, o clima esquenta, dormir agarradinho já não é o melhor
negócio e deixar a cama dos pais... nem pensar!
Situações-problema e soluções-infundadas, uma
“guerra” para tirar filhos da cama.
A “Guerra de Travesseiros” é a
única que se deve levantar a bandeira neste cenário. Talvez um dos momentos de
interação familiar mais prazerosos para a criança e deve fazer parte do
convívio familiar.
Quando uma alteração vira rotina e
o saudável, incômodo e irreversível, é chegado momento de rever posturas frente
a este “apelativo pedido”. Durante o inverno existe um dia denominado “12 de
junho”. O que fazer? O que vocês dirão aos rebentos?: “Olha filho, hoje tá frio, sua cama é gelada, mas você tem que
dormir lá” Ah! “Maridos Românticos” buscam saída estratégica: casa da avó.
Mas e aquele dia em que não há nada especial, mas “pinta aquela vontade”, espera dormir leva à cama dele? (e...ele não
dorme, ou quando vocês colocam na cama ele acorda!)... seu casamento começa a
ficar em segundo plano.
Voltando um pouco no tempo,
recordem-se do período em que foi confirmada a gravidez até a ida à
Maternidade. Vocês idealizaram e mobiliaram um quarto com berço, enfeites, babá
eletrônica, tudo de mais belo. E agora, este quarto é simplesmente um depósito
de roupas e brinquedos. Seu filho não dorme no quarto dele, porque vocês não
conseguem impor o limite de que cada um deve ter o seu espaço.
Certa vez recebi uma criança com
queixa de agressividade. Em entrevista descobri que os filhos dormiam no mesmo
quarto dos pais. A mãe disse que o casamento estava fracassado e quando havia
algo entre o casal, era alta madrugada e as crianças já estavam dormindo. A
criança, contando histórias, projeta, quando vê dois ursos em uma caverna lado
a lado, se assusta e diz que o urso estava em cima da ursa, ela chorava, falava
“ai”, mas pedia para ele não parar. Conseguem ligar os fatos? E, apesar de ter
lido um estudo da Associação Médica Brasileira de 18 anos, com 25 famílias, que
afirmava não haver relação entre “distúrbio de sono” e “sexo”, com filhos que
dormem em suas camas, eu me preocupo.
Existem casos e casos. Há milhares
de famílias que dividem com 5 filhos o mesmo cômodo. Aqui, a questão não é esta.
O “papo” é para conscientizá-los que o espaço de cada um deve existir e ser
respeitado. Como? Limites + Redução de sua culpa = compreensão de que uma
alteração não deve ser rotina. A saudável bagunça do final de semana é
necessária, mas somente aos finais de semana.
E “aquela vontade” necessária à
vida do casal deve existir, mas não acompanhada da desnecessária preocupação
para retirada estratégica dos filhos da cama naquela noite.
E vocês devem estar colocando-se em
algumas das situações citadas e dizendo: “é...
mas falar é fácil...”. Realmente não é, mas as crianças também entendem e
“obedecem” a “combinados”, ou seja, conversem com elas sobre o momento do
dormir como essencial ao descanso do corpo, pois no dia seguinte o corpo deve
estar descansado para o trabalho e escola. “Combinem” de dormirem juntos nos
dias em que não haverá trabalho nem escola, sextas e sábados, para que entendam
o espaço deles. Retomem a questão das historias infantis a noite. Como dica,
segue uma obra excelente: “365 historias
para sonhar”, Catherine Tessandier, Ed. Ciranda Cultural, vocês devem
conhecer, é bonito, ilustrado e vale a pena, até para retomada da questão: “Vamos para seu quarto, leio uma historia
para você dormir”.
E famílias onde o pai trabalha fora
de casa durante a semana e retorna na sexta-feira. Um outro problema, afinal as
filhas estavam vendo-o não como aquele pai que se sente saudades e quer curtir
o final de semana e sim, como não querendo que a sexta chegue. Ele quer sua
cama livre. As noites de sexta viram “noites do terror”, com choro, gritarias e
tudo mais... bem saudável não é?
Pais separados, que não sabem o que
a vida e o destino lhe reservam, podem assumir um novo e definitivo
relacionamento e já imaginaram como ele será visto pelo filho de vocês: “Aquele que ‘roubou’ o meu lugar na cama da
minha mãe ou do meu pai?“. Lembrando que a separação traz consigo o vazio,
o “estar só”, o querer um “preenchimento” para “todos” os vazios. Mas... a
separação ocorreu entre o homem e a mulher. A criança é apenas fruto desta
relação acabada, portanto, não é, e não será jamais o “espaço vazio deixado pelo sexo oposto”. O filho jamais ocupará na
cama o espaço do pai ou da mãe. É preciso sim, que seja montado o espaço dele
na casa do pai e da mãe. Mesmo que estes tenham retornado à casa dos pais, ao
antigo quarto, e que não haja mais um quarto disponível à criança, que sejam
coloca uma cama individual para criança, ela jamais deve ficar na sua de casal.
Novos(as) namorados(as), de preferência, não durmam nos finais de semana em que
você está com seu filho. Este é outro “conflito
interno”, passível de se evitar. Em caso de estabilidade deste
relacionamento, acredita-se que não será constituída nova família dentro da
casa de seus pais e, “na casa nova”,
seu filho terá um quarto dele.
Cientes de que suas camas são
quentes, aconchegantes e que seu quarto é o seu espaço e é nele que seu mundo
será constituído e consolidado, o senso de responsabilidade da criança poderá
ser melhor trabalhado. Sem traumas e experiências dramáticas a todos. Pais e
Mães querem sempre poupar os filhos de dissabores. Mas o “bate-papo” de hoje
segue como um alerta: vocês jamais devem esquecer que os filhos não podem ser
criados em uma redoma. Assim como em outras esferas, quando se fala em “cama e
espaços”, é preciso deixar que a criança procure o “quente em sua própria
cama”, se descubra e procure a própria coberta e vocês, neste momento, estejam
em suas camas, Sem Culpas!
Este é um “papo” que não se esgota.
Trouxe apenas a questão do envolvimento afetivo, e suas consequências neste
cenário, em uma releitura, já que deixei aqui no Blog, em 2011, um bate-papo
com este tema. Há que se ressaltar que este pode vir a ter questões que despertam
estudos junto à neurociência, como as alterações de sono geradas, muitas vezes,
por princípios como este: deixar que a criança fique em sua cama, em um
período, e depois ter que trabalhar com processos como: “alteração de sono”, “medos”,
“fobias”, “transtornos” e “dificuldades
escolares” – este é um tema pra lá de extenso. Caso queiram ampliar este
espaço de informações, deixem seus comentários e sugestões, e em outro momento,
abrimos o: “A cama que é sempre melhor do
que a minha III” – com citações deste contexto.
Mais uma vez agradeço o espaço e
espero que as colocações acima venham para contribuir junto ao crescimento e
amadurecimento de cada um de vocês!
Valesca
Souza
Psicóloga
Clinica e Especialista em Neuropsicologia
e-mail: valescasouza@gmail.com
Olá para Todos!
ResponderExcluirEm uma de minhas "buscas pela internet", encontrei este texto: bastante interessante, com citações de "teóricos da psicologia", trazendo o "cenário" da Cama dos Pais
Quem quiser ler um pouco mais....
Leitura que indico:
http://www.eusemfronteiras.com.br/criancas-que-dormem-com-os-pais/
Abraços,
Valesca