É... 2015 já deixou pra trás seu
primeiro semestre. O mês de julho chegou, mas, para muitos... é mês de
trabalho... vida que segue! E muitas
crianças tem destino certo: a casa da avó! Aquele lugar onde “tudo pode”, “tudo se tem”, menos regras, limites, horários, rotina, obrigações e
o único “tem que” obrigatório: é a
diversão e o ser feliz. Mas o “papo” deste mês irá começar com uma perguntinha
rápida:
“Hoje quem são hoje os homens entre 40, 50 e
60 anos de idade?”.
O perfil talvez seja fácil traçar: homens
grisalhos, vaidosos, preocupados com a saúde, com certa estabilidade
financeira, alguns frequentando academias, ativos profissionalmente, com
expectativa de vida elevada, casados, alguns no segundo ou terceiro casamento,
pais de jovens ou até de homens e mulheres (estes já com formação superior,
pós-graduados, até casados e com filhos). Ou seja, hoje, aos 40, 50 ou 60 anos
os homens já são avôs... Agora:
“Quantas vezes é
lido na literatura clássica infantil o avô
como personagem?”
É... parecem que não estão nos “clássicos”. Há:
Tio Patinhas, Vovó Donalda, Chapeuzinho Vermelho e sua Vovozinha, D. Benta... Definitivamente
parece que Vovô não tem espaço neste universo. Até “Dia da Avó” há (26 de julho, olha lá... não esqueçam aquele mimo
especial), mas não há Dia do Avô.
Nem na internet são encontrados autores
falando sobre os avôs – a menos em casos, onde o contexto é outro: guarda
judicial, por exemplo. Sabem de que ano é datada reportagem da Revisa “Pais
& Filhos” sobre o assunto? Abril de 1998... E só!
Mas o que se sabe é que hoje por volta dos 40
/ 50 anos muitos homens já são avôs, pelo alto índice de gravidez na
adolescência de seus filhos. Também se sabe que por esta irresponsabilidade,
descuido ou “acidente de percurso”, estes homens estão assumindo outra
responsabilidade: a da guarda judicial de seus netos. E, pensando no bem estar
destes, já ouve: “quero estar bem para
ver meu neto formado”; netos que chegaram inesperadamente e os pais mal se
sustentam e é dos avôs a responsabilidade pelo criar, alimentar, educar e
garantir os estudos. E, não obstante, já se vê trabalhos de Conclusão de Curso
e Discursos de Formaturas direcionados à esta atenção, carinho e cuidado – até
mesmo, sem a citação dos pais, algumas vezes, inexistentes na vida destes
jovens!
Também são encontrados homens que,
em seu segundo casamento, aos 50 anos, são pais de crianças na primeira
infância e, ao mesmo tempo avôs, pois os filhos do primeiro casamento já são
pais. E aí aquela confusão de que uma criança aos 2 anos de idade é tio de
outra com 4 ou 5. E aqueles que já são avôs, separados e iniciam novo
relacionamento: como a namorada do avô é
chamada pelo neto? E homens que assumem a homossexualidade após a separação,
como apresentar o “namorado do avô ao
neto?”. É.... este novo “mosaico familiar” tem momentos que dá um “nó”
mesmo!
Mas o tema veio à pauta, não
pela chegada do mês de julho, nem mesmo para relatar a “Família Mosaico” (que a
adaptação e contexto têm feito a diferença), mas por três momentos:
Em uma de minhas férias,
corria pelos canais da TV, quando vi cenas-reprise da novela, “Era uma Vez”, que foi ao ar em 1998. Nesta,
dois avôs “brigavam” pelo bem estar de seus netos: o Vovô Xistus (vivido por
Cláudio Marzo), empresário, poderoso, rico e sem “trato” para transmitir
carinho aos netos e o Vovô Pepe (vivido por Elias Gleizer), um senhor humilde,
que morava em um sítio e seu dom era fazer com que as crianças vivessem felizes
e saudáveis o período da infância.
Momentaneamente voltei no
tempo e lembrei dos meus: o paterno, senhor simples, sem estudo, como Pepe,
mas, de certa forma, frio como Xistus. Um criador de pássaros que transmitiu muito
enquanto aluno eterno da “Faculdade da Vida”, com seus ditos populares, frases
inusitadas e a peculiar habilidade em fazer paçoca no pilão manual. Quando ele
faleceu, eu só tinha 06 anos de idade, mas estas imagens estão vivas na memória
até hoje. Já com meu avô materno o convívio foi menor: um caminhoneiro que nos
visitava a cada viagem que passava pela rota paulistana. Mas era pouco amável e
carinhoso. Separado de minha avó para constituir nova família, precisava
reconquistar os filhos, antes mesmo de demonstrar afeto às netas, sendo assim,
o trabalho de quem não consegue transmiti-lo, é duplo.
E uma terceira situação: as
crianças estão precisando resgatar seus avôs. Estava em uma avaliação, onde a
criança contava histórias projetivas, quando deparou-se com uma imagem em que
narrou: “era uma vez um macaco que viajou
na imaginação ao ouvir as histórias contadas pelo seu avô...”
Tudo bem... a avó é mais
carinhosa, dengosa e lembrada por seus quitutes feitos para agradar e
“estragar” o neto. Mas o avô moderno, em muitas famílias, tem papel primordial.
Este avô leva e traz os netos da escola e de atividades extracurriculares, dão
broncas, quando precisam compartilhar da educação, são responsáveis por
gerações e gerações que irão carregar o seu sobrenome.
Dependendo do porte físico do vovô, lá está
ele, jogando futebol com o neto, ou indo, regularmente às bancas de jornal para
comprar figurinhas do álbum. Mas também, encontramos aqueles que amam seus
netos, mas não conseguem expressar. Não são Xistus nem Pepe, mas se emocionam
ao ouvir pela primeira vez o neto dizer: “Vovô”. E você papai já pensou
de que maneira e como quer ser lembrado pelo seu neto: um Vovô Xistus ou um
Vovô Pepe?
Os homens de hoje pensam na procriação, no
que deixar sobre costumes, valores e tradição a seus filhos, desejando que eles
sejam “homens de bem”. Mas será que
pensam que terão um ponto único na memória de cada um daqueles que
carinhosamente um dia o chamarão de Vovô?
Pais, ensinem seus filhos a
serem pais, pois só quem sabe ser, sabe ensinar. Aliás, ratificando... não
ensinem, simplesmente amem, pois doçura e afeto não se ensinam, e são o cerne
da figura do avô.
E vocês, Pai e Mãe, fizeram uma viagem no
tempo? Como foi sua infância e convívio com seus avôs? (se assim puderam). Não
deixem para o próximo feriado a visita ao Vovô, pois o convívio (daqueles que
ainda o possuem), infelizmente, pode ser curto, passa muito rápido e deixa
marcas inesquecíveis desta figura, denominada: “Pai com açúcar”.
E.T.: aqui, além da Homenagem a todos os
Jovens-Avôs e aos meus, bem como meu pai – gostaria de transmitir meu
agradecimento aos “papeis” interpretados por Claudio Marzo e Elias Gleizer, que
brilhantemente interpretaram “Xistus” e “Pepe”, e hoje não estão mais entre
nós, e, principalmente Elias Gleizer, uma pessoa que não se casou, nem teve
filhos.... Seus netos foram apenas os da ficção!!
Boas férias a todos, e que a “Casa do Vovô e da Vovó, continue sendo o
local de Grandes e significativas marcas”.
Valesca
Souza
Psicóloga
Clinica – Especialista em Neuropsicologia
e-mail: valescasouza@gmail.com
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