quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Filhos: uma viagem sempre com a sensação de ser a primeira

“Minha esposa está grávida, de poucas semanas, mas desde que tivemos a confirmação do exame, já ouvimos e lemos muitas coisas sobre bebês para a tão sonhada chegada de nosso primeiro filho, pena que temos que esperar por 09 meses! As avós, tias-avós, amigas das avós estão se incumbindo de passar-nos todas as informações, crenças, prevenções e receitas caseiras para cuidarmos dele ou dela. A amiga que acabou de dar a luz, indica seu pediatra. Além daquela tia distante, que não mais se locomove, mas já anunciou que está tricotando o primeiro sapatinho. Sem esquecer meu melhor amigo, que, por sacanagem, me deu um babador, com o distintivo do meu time adversário”.

Em cima deste pequeno relato de um pai, à espera de seu primeiro filho, acredito que muitos leitores recordaram, saudosos, o momento que aguardavam a chegada de seus tesouros, e que, algum tempo depois já estavam entregando-os a Nós (Educadores) com a confiança do profissionalismo, amor e dedicação, nesta primeira e tão importante fase da vida de vocês: o ingresso de seus filhos no mundo acadêmico!

Esta mescla de desejo – ansiedade – expectativa – medo de como cuidar, pegar, o que fazer, reagir, o que falar, lidar com as birras, febres, viroses, otites, manhas, mordidas, desfralde, primeiras letras, primeiro passeio, “nãos”, temas polêmicos, mudanças de escola, adaptações, formaturas, vida social e futuro acadêmico me faz olhar para um outro aspecto: o de que a longa jornada da educação dos filhos terá a cada etapa o “frio na barriga de ser a primeira vez”. Uma viagem que inicia-se a cada dia, com “tripulantes” que chegaram para aprender, mas acima de tudo, nos ensinar e muito, e que torna-se incansável, desafiante e uma eterna aventura, afinal, não é porque se tem mais de um filho que a experiência vivida com cada um é sempre a de que são “pais de primeira viagem”. Os filhos são diferentes e a viagem com cada um assim também se torna!

Já tive a oportunidade de estar diante de olhinhos de pais e mães com brilhos diferentes durante a Primeira Reunião de Pais Anual em Escolas. E ali, pais do Berçário estiveram diante da certeza de que é mais do que normal errar, e que não são apenas seus filhos que caem mediante ao mínimo desviar de seus olhos. Pais do Maternal puderam perceber que não se trata de agressividade, e sim um momento de afirmação de seus pequenos, em querer tirar o brinquedo de seu amigo – afinal esta é a fase de latência do egocentrismo. E, ainda, de que já possuem obrigações – lúdicas é claro. Aí: “Meu Deus, meu filho já tem ou está próximo dos 04 anos de idade”, e as mudanças são dos pais novamente, que, assimilam a idéia de que seus pequenos são crianças, mas estão se distanciando cada vez mais da nomenclatura “meu bebê”. Estes agora farão judô, capoeira e ballet. Irão aprender as letras e estes pais já se acostumaram com a idéia de que o filho está inserido em Projetos, rumo à alfabetização. E Pais do Jardim II, buscando normalidade, expectativas e, talvez mais duvidosos e temerosos do que os primeiros, afinal, falam sobre a compra de livros e já tratam da organização da Comissão de Formatura, a primeira, da vida acadêmica de seus pequenos e a pergunta, neste momento, é: “Ao final deste ano, meu filho já saberá ler?” ou ainda: “Devo estimular?”

Ao final: algumas reflexões, lembranças, flashs de imagens de rostos apreensivos, ansiosos, emocionados em busca do melhor para todos (pais e filhos). Alguns já não mais na reunião do primeiro filho, mas com as mesmas angústias e aperto no coração, como se fosse a primeira vez.

Recados e dicas... não os darei, afinal nem tenho propriedade para isso, não se avalia o que sente cada pessoa; apenas uma constatação: “Filhos são únicos em seu contexto, seu momento, sua história, na maneira como conhecem o mundo, se relacionam socialmente, aprendem, sendo ou não únicos na vida do casal. Pais, estes sim, levarão por toda a vida a certeza da busca pelo melhor, mas, a cada etapa por eles vivida estarão sim, sob a condição de pais de primeira viagem”.

Sejam Bem Vindos ao novo ano, à nova turma, à nova professora de seu filho. Esteja aberto, duvidoso e temeroso sempre. Nós, educadores, queremos isso: pais questionadores e atentos a cada passo do filho. Pode não ser a primeira vez que se participa de uma reunião, como pode ser, mas nossa gratificação está em saber que vocês são pais de primeira viagem, mas nós estamos junto com os filhos de vocês dando os primeiros passos para o futuro. Então, somos, a cada turma, a cada ano, a cada aluno, profissionais em sua primeira viagem, pois cada um tem um conteúdo a nos transmitir, e... ah... como nos dá orgulho... saber que fomos os primeiros na vida de seus filhos e somos tão tripulantes como vocês nesta bela jornada!

Feliz Boa Primeira Viagem a todos!

Valesca Souza

Psicóloga Clinica – Especialista em Neuropsicologia

e-mail: valescasouza@gmail.com