quinta-feira, 5 de abril de 2012

PÁSCOA 2012

NESTA 5ª FEIRA, DIA 05/04, COMEMORAMOS A PÁSCOA COM NOSSOS ALUNOS.
TODAS AS CLASSES, DO MINI AO JARDIM II, FIZERAM A TROCA DE OVOS E CADA UMA RECEBEU UMA LEMBRANÇA DE SUA RESPECTIVA PROFESSORA.
AS CRIANÇAS FICARAM MUTO FELIZES EM SABER QUE DENTRO DE SEU OVO TINHA UM BRINQUEDO, POIS SUA EXPECTATIVA ERA MAIS PARA O BRINQUEDO DO QUE PARA O PRÓPRIO OVO.
APROVEITAMOS PARA AGRADECER A TODOS OS PAIS QUE NOS ENVIARAM OS OVOS SOLICITADOS. PODEMOS DIZER QUE ESSA PÁSCOA FOI UM SUCESSO!
COLOCAMOS ALGUMAS FOTOS DOS ALUNOS NESTE DIA TÃO ESPECIAL.
DESEJAMOS A TODOS UMA FELIZ PÁSCOA!

DIREÇÃO E EQUIPE NOSSO CANTINHO!








terça-feira, 3 de abril de 2012

DOCES MORDIDAS

De repente sua secretária anuncia ao telefone a Coordenadora da Escola de seu filho. Ele tem apenas 1 a 6m e neste mês é a 3ª vez que o discurso se repete: “Mamãe estou ligando, pois o Pedrinho foi mordido por um coleguinha. Nós já tomamos as providências com pomadas e gelo”. Sua reação é imediata e, em uma mistura de dó e revolta você diz: “Não acredito! De novo? Quem é que está fazendo isso com meu filho? Fale, porque eu tenho o telefone das mães, vou ligar, pois se ela não dá educação para seu filho ou filha, eu vou ensinar o meu a revidar... Meu marido vai ficar uma fera e pode esperar que ele vai querer marcar uma reunião exigindo providências, e tem mais, se o Pedrinho continuar sendo mordido vou tirá-lo da escola. Cadê as tias que não estão olhando este monstro que pega meu filho pra Cristo?”. Logicamente, Coordenadora não anuncia o mordedor, consegue tranqüilizar a mãe e coloca-se à disposição para agendar a reunião e, calmamente, poderem conversar.
Os pais agendam com rapidez e iniciam a reunião anunciando que irão cancelar a matrícula. Três mordidas em um mês é complicado (questionam, inclusive a atenção das tias para com seu filho). Mas, o que estes pais não sabem é que há uma explicação e que seu filho, hoje no papel de agredido, poderia ser o agressor – colocação negada, pois seu filho não possui instinto para agredir!
Diante de “dentinhos” tão ágeis, surgem as questões: “Morder é uma forma de agressividade?”; “Morder o tornará violento?”; “Por que crianças mordem?”. Em primeiro lugar é preciso eliminar deste leque o incentivo à agressividade, falta de educação, rivalidade e apatia (sendo a criança o lado agredido). 
Há uma colocação inicial, talvez esquecida por muitos de vocês. A boca é a primeira região de contato da criança desde a gestação. Com ela, busca-se o alimento na placenta. Quando nasce é o elo de comunicação e interação do bebê com o meio – até relacionado ao desenvolvimento da sexualidade. Através dela é alimentado, chora (por dor, sono, troca de fraldas, manhas) e sorri... 
Começa a formação dentária, por volta dos quatro / cinco meses, só se encerrando completamente por volta dos 2a 6m. Neste começo encontra-se sofisticados mordedores para aliviar as tensões sofridas pela gengiva, gaze umedecida na água fria, pomadas halopáticas, tratamento homeopático e fitoterápico.
Este bebê cresce, e agora, sua boca passa a auxiliar-lhe com sons e algumas palavras. Os mordedores são esquecidos, mas o nascimento dos dentes continua e o incômodo também. Os pais só percebem esta alteração quando vêem o filho, não só levando tudo que vê à boca, como tentando mordiscar objetos, de qualquer textura e densidade. Em paralelo à esta indisposição há o desenvolvimento neuro-afetivo da criança, que passa a expressar, com ações, seus desejos e frustrações diante de situações de rotina, diante do social que está inserido.
O “ser contrariado” passa a fazer parte do dia-a-dia da criança e é neste momento que outro fator entra em ação: a colocação de limites. Aqui, o não torna-se peça fundamental da “famosa Lei da Física”. Enquanto se diz não sua ação passa a ser a da reação. E qual é esta reação, muitas vezes? A mordida.
E neste cenário passa-se a conviver com a criança que reage, das mais diversas formas, ao não. A mordida é uma delas. Ah! sem contar com o fato de que há a criança vive o movimento do egocentrismo – ela é o centro das atenções; em casa tem tudo o que quer; os brinquedos são só seus e nada, nem ninguém a tira deste monopólio (exceto quando sente-se “ameaçada” com a chegada de um irmão).
A Escola tem o papel fundamental na compreensão deste monopólio, pois a criança exerce o hábito de viver em sociedade. Não se trata, simplesmente, de professores e auxiliares displicentes. Mas, diferente do adulto, ainda não faz a distinção de suas emoções, de acordo com o local em que se encontra. Portanto, é comum a observação de crianças que passam por desavenças em casa (como viver a separação dos pais, morte de um membro familiar, ou até a contrariedade de uma roupa que deseja colocar – muito comum após os 18 meses de vida), as trazem na bagagem mnemônica à Escola, disputam um brinquedo com um amigo e, a seqüência lógica e natural é a mordida, afinal não possuem repertorio suficiente para expressar seus desejos e angustias por meio do uso da fala
Ao contrário do que possa parecer, este texto não incentiva o morder. O que, ao final da reunião daqueles pais do início deste relato, a Escola deixa como mensagem, é que como o engatinhar, o morder também é uma fase que irá passar, dando espaço à maturidade. Como o engatinhar, cada criança vivencia estes movimentos o seu tempo, e, em alguns casos, nem chegam a ocorrer – como crianças que não engatinham e já andam direto, crianças que não mordem e passam desta fase com tranqüilidade.
Diante da imaturidade frente ao controle de ações e frustrações, a criança encontra na boca o ponto certo; nada diferente do que vem fazendo até então; porém, com os dentes como parceiros e os amigos, como alvo! Muitas vezes, ser sempre o mesmo amigo, nada tem a ver com “divergências pessoais” – lembrando-se que nesta fase não há maturidade para a compreensão da magoa, rancor e ressentimento. Sabe-se de muitos que nesta idade eram agressor e agredido e hoje são grandes amigos. O que pode explicar esta unicidade é a preferência lúdica – aquele amigo está sempre com o brinquedo predileto de seu filho. Jamais tenham em mente que este ato fará de seu filho “agressivo”, pesquisas descartam esta relação em todos os graus, pois, o violento de hoje, retratado em suas ações, não foi um mordedor com 18 meses. Em leitura a um artigo, cabe aqui a colocação de Adelita Martinez, (Pedagoga, Psicopedagoga e  professora de Educação Infantil Bilingue), que afirma iniciar uma conversa, em separado com os alunos envolvidos no incidente, o “mordido” e o “mordedor”, perguntando se o amigo é uma maçã, ou se o braço (ou local mordido) é uma salsicha, ou uma pizza. Óbvio que eles rindo respondem que não! Continua em tom sério, porém sem grandes alardes, e pergunta o que normalmente eles comem. Ficam horas listando macarrão, chocolate, pão, tomates... Para concluir a conversa, volta a perguntar, se o braço do amigo não é uma comida, então porque morde. As pessoas mordem maçã, pizza, o que mais? E eles ajudam na lista... E o braço do amigo pode morder? E eles mais do que depressa respondem que Não! Então, braço (ou qualquer parte que seja) NÃO é comida, portanto não se morde. Agora pizza, tomate, maçã.... pode-se morder – ai segue uma dica para professores leitores, para este momento com os alunos.
Mas, diante de todo este leque de informações, aqueles mesmos pais em reunião, agora um pouco mais tranqüilos e já descrentes da idéia do cancelamento da matricula, perguntam: “como agir?”
1. Sem barraco! Não se deixe levar pelo impulso, só para mostrar que não perdeu as rédias. Bronca pública só aumenta o nervosismo dele e pode gerar uma ação pior. Tire-o da situação e... dialogue!
2. Hora do desarme! Ao afastar seu filho da “vítima” seu trabalho será o de entender o porquê da ação. Pergunte se o outro “lhe deixou bravo”, se “não lhe deu atenção”, por isso ele o mordeu.
3. Atos e conseqüências! Fazer com que a criança peça desculpas fará com que ele se coloque no lugar do outro e sinta a mesma dor se estivesse do lado oposto.
4. Vigilância! A separação não é a solução. Deixe-o junto com o amigo que ele mordeu, um incentivo ao convívio harmonioso; para que o amigo perceba que também poderá estar ao seu lado sem problema.
5. Pesquisa de campo! Tente observar se a situação ocorre em um momento que seu filho vive uma situação de stress; assim prevendo tal situação, converse com ele antes de uma nova mordida.
6. No prejuízo! Se o motivo for a disputa de um brinquedo, e seu filho saiu no lucro, com a posse do mesmo, retire-o e mostre que não é na agressão que as coisas são adquiridas hoje e ao longo da vida.
7. Sem voltar atrás! As crianças valorizam “combinados”. Se você promete deverá cumprir (quando é com um presente ele não cobra?). Então, se disser que reincidindo nas mordidas, ficará sem o brinquedo, cumpra, caso contrário, de nada valerá sua bronca e sua palavra.
8. Jamais dê o troco! Sendo seu filho o agredido e com certa freqüência, ensiná-lo a revidar é incentivá-lo a se defender com agressividade. O caminho não é por aí. Converse com ele e busque suas qualidades tentando fazê-lo enxergar que pode usar da linguagem para não ser agredido.
9. Poupe-se! Ligar para os pais do agressor ou aguardá-los na porta da Escola, só irá lhe estressar. Não se sabe qual a reação do outro. Eles tanto podem dizer que ensinam o filho a ser assim como podem se surpreender. O trabalho de civilidade, educação e harmonia é feito em cada casa.
Claro, muitos dizem que a teoria é fácil. Esta é inclusive a fala dos pais no inicio da reunião. No entanto, ao final, fica claro que a ferramenta para todas as etapas do filho está em cada um de nós. O diálogo é base, princípio e constante. Situações ocorrem e passam. Sejam passivos e comunicativos, pois amanhã o resultado será mais do que satisfatório. Caso contrário, aí sim, daqui algum tempo seu filho será visto estampado nas páginas policiais, e ainda, sob a afirmação de que os pais o ensinaram a ser assim! Quando seu filho é orientado a dizer aos amigos que não gostam quando eles mordem, que dói, e dói muito e que ele o machucou, ou qualquer forma verbalizada de expressar um sentimento, ele irá assimilar da mesma maneira e resolve o conflito sem gerar mais violência. Ele não sabe o que motivou o amigo a morder, mas sabe que a mordida que irá dar de volta (caso os pais assim ensinem) para se defender é uma agressão, afinal dói e ele não gostou desta sensação, com também afirma Adelita Martinez.
Valesca Souza – CRP 06 / 50721 – 3 
Psicóloga Clinica – Especialista em Neuropsicologia
e-mail: valescasouza@gmail.com