Olá Caros Leitores. Saudades! Aos que não me conhecem, muito
prazer: Sou Psicóloga Clinica Infantil e Neuropsicóloga. Por que estou aqui?
Resultado de uma rápida operação: anos de Consultório + pratica e teoria se
entrelaçando + minha paixão por escrever = surgimento da ideia de contar o que
todo este emaranhado me conta. A parceria com a Família Nosso Cantinho já tem
um longo caminho. Estive afastada deste espaço rico em Aprendizagem, mas...
estou de volta. Meu único objetivo é transmitir o que sei e ajudar, acima de
tudo. Caso tenham interesse, visitem os Arquivos do Blog, onde muitos temas já
foram abordados. A ideia é escrever algo novo e atual, mas, nada nos “impede”
de re-escrever – afinal, uma nova roupagem é sempre uma nova visão.
Bem... vocês estiveram na Primeira Reunião da Escola e lhes foi
entregue um Pequeno Texto: “Pedido das Crianças aos Pais”. Este, de Fênix
Faustine, me toca muito, circula pela Internet e talvez já até tenha sido lido
por alguns de vocês. Traz fases (ou boa parte) do desenvolvimento infantil.
Certamente vocês já passaram (ou irão passar) por cada uma destas com seu
filho. Curiosamente é um texto com repetição exaustiva de uma palavra, até, por
vezes, difícil, pouco ou erroneamente pronunciada durante toda educação: “Não”.
E a mim, a palavra que mais define o que o titulo deste texto traz nas
entrelinhas: “Amadurecimento” e “Crescimento”.
O pai que diz “Não”, na maioria das vezes, está educando e
praticando o “sim”, veja: “Não, você não
pode comer chocolate porque Sim, poderá ter dor de barriga, pois hoje está
muito calor, ou porque, “Sim” você pode perder o apetite, já que vai almoçar
daqui a pouco”. No entanto, o que se percebe é que muitos deixam de dizer o
“Não seguido do Sim”, por não admitirem que ele pode prevenir o favorável,
desejável, correto, em prol do desenvolvimento e saúde dos filhos.
Através do “não” limita-se, pontua-se e direciona-se a atitude de
um filho. No entanto, o “Não” desmedido ou pronunciado no “vazio” dá à criança
a sensação de punição, cerceamento e bloqueio na relação com seus pais. Dizer
“Não” a tudo que a criança pede, ou
mesmo, justificar evasivamente (“Não,
porque não e pronto, quem manda aqui sou eu...”), alimenta uma relação de
tirania e imposição. E a conseqüência do excesso de “nãos” desmedidos, evasivos
e vazios é o comportamento de fuga, através de birras, manhas e desobediências.
Mas, será que seu filho não reage desta forma à revelia de seu comportamento?
Por outro lado, existem pais que “poupam” o “Não” para pseudo satisfazer uma sensação de
autoculpa interna. “Ah, ela pede, eu dou,
eu trabalho o dia todo, estou cansado, não quero aborrecimento, quero, Sim, me
livrar de um problema”. Percebam: o “Não” e o “Sim” empregados
incorretamente em uma situação como esta. Ou ainda: “Ah, eu não falo “Não”, afinal, ele fica o dia todo na Escola, repleto
de regras e “Não” serei eu, um colaborador desta repressão”. Mais uma vez,
o “Não” e o “sim”, pensados de forma
incorreta. O “Não” da Escola, diante da colocação de regras e limites, jamais
deve ser visto como repressão, e sim, como uma maneira de seguir civilizadamente
dentro de uma sociedade, já imaginaram o que seria de uma Escola sem regras?
Com toda esta relação deve-se pensar em uma “balança” com pesos e
medidas em equilíbrio, pois, tudo que pende a um único lado, tende à desarmonia,
seja qual for a ordem, e, por consequência, impede o Crescimento e
Amadurecimento Salutar de ambos.
A “dica” com esta breve reflexão é para que o texto entregue na
Primeira Reunião da Escola seja visto sob a óptica do pai que faz, e,
consequentemente, impede o desenvolvimento sócio-emocional de um filho. Eles
precisam da segurança, tranqüilidade, firmeza e maturidade de todos que o
cercam (pais, avós, educadores) em conjunto e harmonia, com pais “falando a
mesma língua”, mantendo o mesmo “patamar na esfera da autoridade” (não
desautorize uma mãe, na frente de seu filho, mediante uma ordem dada, e
vice-versa), só assim, seu filho fortalecerá a própria maturidade, caminhará
tranquilamente (sem precisar alterar comportamentos para chamar atenção), e
lhes dará maturidade para, como nos Contos Infantis, rumarem ao Final Feliz,
vi-vendo, sim, etapas necessárias e com o uso “devido” do “Não”.
Quantas vezes vocês já se depararam com uma situação inesperada,
um tropeço, perda, queda e tempos depois disseram: “Nossa, esta adversidade me fez amadurecer”. Pois bem, exerçam o
habito da crença de que uma grande adversidade para você está no mesmo nível de
uma queda (saem grandes conseqüências), manha, disputa por brinquedo, mentira e
intolerância de seu filho – a ele, estas também são adversidades e tropeços
(pertinentes ao momento deles) e que os farão amadurecer, recebendo o “Não”
eles, mais tarde, entenderão o quanto cresceram.
Ajude-os e sejam parceiros, mas não “depositem” na Escola e/ou em
qualquer profissional a tarefa do “Não” – pois esta é uma relação de vocês e o
sentimento verdadeiro e assertivo junto à transmissão de um “Não” ou de um
“Sim” vem de cada um – nós, do lado de cá, nada podemos fazer quando a resposta
está dentro de cada um de vocês.
“Há um mundo a ser
descoberto dentro de cada criança e de cada jovem. Só não consegue descobri-lo
quem está encarcerado dentro de seu próprio mundo; um excelente educador não é
um humano perfeito, mas alguém que tem serenidade para se esvaziar e
sensibilidade para aprender.” (Augusto Cury)
Dica de Leitura: Pais Brilhantes, Professores Fascinantes.
Augusto Cury, Editora Sextante, 171p.
Valesca Souza
Psicóloga e Especialista em Neuropsicologia