quarta-feira, 27 de outubro de 2010

MAIS UM ANO SE ENCERRA E QUEM É PAPAI NOEL HOJE?

Caros Leitores parece redundância que nesta fase do ano usamos sempre a mesma frase: “nossa, mais um ano está acabando, como passou... nem senti os meses passarem...”. E só nos damos conta disso quando em nossas caixas de correio eletrônico começam a surgir mensagens de reciclagem para o próximo ano, simpatias para o réveillon e tudo mais... bem como quando entramos nos supermercados e nos deparamos com aquela pilha de Panetones expostos, ou ainda com os intervalos de programas de canais infantis com aquela avalanche de propagandas, anunciando os mais surpreendentes carrinhos, as mais modernas bonecas falando inúmeras frases, cantando, sorrindo... e nossas crianças dizendo: “eu quero”, “eu quero esse”, “me dá este”...

E logo pensamos: Meu Deus! Tenho que começar a correr. Afinal o que é o mês de dezembro, a não ser a tradução da correria, agenda cada vez mais apertada, preocupação com as férias da empregada (e nossos dias sem ela), programação de férias, viagens, onde se vai passar o quê, compra de “lembrancinhas” para o cliente, fornecedor, “tias da escola”, presente da sogra, festa de confraternização da empresa, jantar de confraternização da empresa do marido (com a presença de todos), amigo secreto da empresa, da academia, da família, happy hour com os pais dos três ou quatro amigos mais chegados da escola do filho e o estourar, como sempre, o cartão de crédito?

E nós que nem nos recuperamos da compra parcelada do Dia das Crianças, começamos a pensar o que será o Natal. E é em cima deste “boom” financeiro que muitas famílias ano a ano (e cada vez mais cedo) deixam de lado o “Bom Velhinho”, afinal, é complicado administrar Papai Noel e presente do Papai e da Mamãe saindo do mesmo bolso não é?

E esta lenda do Bom Velhinho, residente no Pólo Norte, esposo da Mamãe Noel, vestido de vermelho, com barbas brancas, com seus tradicionais sino, saco de presentes e “ho, ho, ho...” sendo conduzido em um trenó, por suas renas, que traz presentes na noite de 24 de dezembro a todas as crianças bem comportadas, reside nos lares do mundo inteiro desde o século IV, e nossas crianças até por volta dos 07, 08 anos crêem neste “Adorado Senhor”. E muitos de vocês devem dizer: “não... bem antes disso eu já não acreditava mais”. Pois bem, nesta idade, instala-se o processo de concretude para a criança: o saber diferenciar fantasia e realidade, passando a ver as “coisas do mundo” como realmente são. Até este período, ou um pouco antes, a ficção, é a “grande” companheira das crianças e o mundo da fantasia seu grande aliado... Por que dar créditos ao boneco do Homem Aranha que pode voar, subir e saltar, à Barbie que faz comidinhas e toma chá de verdade e não credibilizar o Coelho trazendo ovos na Páscoa e Papai Noel trazendo presentes? No mínimo incoerente não é?

“Mas meu filho chora no Shopping ao ver o Velhinho sentado e se recusa a tirar foto”. Sim, por volta dos 02, 03 anos, a insegurança toma conta da cabecinha das crianças, então se teme barulhos, palhaços, trovões, fogos e Papai Noel. Mas a partir daí, eles já têm nos pais a segurança necessária diante do perigo, e o medo de sentar-se ao colo do “Velhinho” passa a diminuir. “Mas meu filho tem cinco anos e até hoje chora”. Sim, Mamãe e Papai e a minha pergunta é: “como vocês lidam com isso durante todo o ano? Ou melhor, desde bebê? Quando nasceu, o isolava no quarto e as visitas não podiam dar um espirro a mais, senão o acordaria? No Réveillon vão passar no meio do mato, longe do “auê” dos fogos da praia? Na escola não deixa participar de passeios como teatros e circos porque ele se assusta? Não participa de eventos onde há contratação de palhaços? Em festas infantis se isola no momento do parabéns quando os recreadores do Buffet fazem aquela festa para receber a criança? Os aniversários dele são sempre em casa com um “bolinho” para família?” Se sua resposta foi sim para eventos como estes, pense se não são vocês quem estão criando seu filho em uma redoma sem barulhos e agora quer que seu filho não se espante com a Magia do Papai Noel.

Ah, mas a culpa é da Escola, “meu filho sempre acreditou, mas no ano passado entrou na escola um novo amiguinho que disse que ‘Papai Noel não existe’, que o tio dele que se veste e desde então, meu filho não acredita mais e está fazendo a cabeça dos primos, meu ultimo Natal em família foi um caos, por isso”. Claro, lá vem a culpa da escola! Vivemos em uma sociedade com as mais diversas crenças e culturas dentro de um único espaço. É normal que este ou aquele aluno, seja por qual for o motivo, não alimente mais esta crença.

Mas que tal conversar com seu filho, explicar sobre a descrença de alguns e ressaltar que o importante são as nossas crenças. Mesmo que depois de algum tempo, quando ele passar a não acreditar mais, retomar o tema, dizendo que vocês não o enganaram e sim por tratar-se de um momento mágico, que toda criança passa e que trará na fase adulta doces e saudáveis recordações?

Dando um exemplo pessoal, acreditei em Papai Noel até os meus dez anos, em nome da minha irmã, quatro anos mais nova. Hoje guardo na memória as belas lembranças da magia da noite de 24 de dezembro, quando íamos para a casa da minha avó e curiosamente, meu pai esquecia uma panela – momento em que voltava, deixava os presentes na arvore, destrancava a porta, para retornarmos depois da meia noite e acreditarmos que o Bom Velhinho tinha passado por ali e deixado nossos presentes na árvore. Nem por isso, quando já não mais acreditei (por volta dos oito anos) anunciei à minha irmã que não era o Papai Noel e sim meu pai quem tinha deixado o presente na arvore. Magia esta que carrego hoje com filhos dos meus primos, pacientes e com meu sobrinho.

E agora, depois de grande (risos) há dois anos me visto de Papai Noel em uma Escola que dou Assessoria e me deparo com o choro temeroso e assustado dos alunos de dois anos, com a expectativa dos três, com a magia dos quatro (em que recebo chupetas e até fraldas, em troca de um presente), com as cartinhas já escritas por eles mesmos, aos cinco, pedindo um presente que desejam e com a descrença dos seis, que me vêem e dizem: “é a Tia Valesca” (e com estes, sento calmamente, não desminto que sou eu, apenas afirmo que estou ai como uma ajudante do Papai Noel, que tem muitas crianças para atender, apenas para recolher as cartinhas e pedidos, para encaminhar ao bom velhinho) e a magia continua... onde, eles passam a alimentar a idéia de que estar ao lado deles, e gostar muito de crianças é poder crescer e se tornar um “Ajudante do Papai Noel”. “Ah... então você mente para as crianças” – vocês podem estar se posicionando. Não, eu não minto, apenas deixo que a magia, a infância e o agradável desta, perdure, reforçando junto às famílias, a questão da obediência, bom comportamento e merecimento por um bom ato.

Só não se pode perder-se no mundo dos pedidos e desejos. Nossas crianças estão crescendo demais e muito rápido, então, torna-se normal ouvirmos pedidos de Celular, DS’s, Ipod ao invés de Bonecas, Carruagens, Bonecos de Super Heróis e Carrinhos – como no Dia das Crianças. É preciso atentar-se à infância. Novamente repito, não é porque estamos em um avanço tecnológico, temos condições ou se quer suprir uma carência pessoal de não se ter tido e querer dar hoje a um filho, que se deve queimar a etapa mais bela de nossas vidas: a Infância!! Não deixem de atentar-se à faixas etárias, qualidades, segurança de um brinquedo. E vou além, vocês já foram crianças, hoje criam crianças (“criam esperanças”) que um dia também serão pais e mães. Cultivem este momento, como celebram aniversários, Bacalhau da Páscoa, Ceia de Natal em Família, parabenizar amigos queridos, como um momento especial de vocês e das crianças. Tenham um excelente final de ano, com um saco de Papai Noel, repleto de presentes, muita paz, magia e saúde. Não sabemos o que a vida nos reserva para o próximo ano, se eles irão crer no Bom Velhinho ou não, então, vivam 2010, como único na vida de seus filhos e nos os descredibilizem jamais!

Valesca Souza

Psicóloga Clinica – Especialista em Neuropsicologia

e-mail: valescasouza@gmail.com

Um comentário:

  1. Valesca, que texto mais bonito!
    Inspitado por Deus e por Papai Noel, certamente!
    Que vc tenha um feliz natal e que possamos continuar a contar com a sua sabedoria nessa coluna do blog do Nosso Cantinho também no ano que vem!
    Juliana - mãe do Guilherme e da Marina

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